Meu lar
Meu lar sempre lá está, no arcabouço do céu,
Onde ouve-se tão-somente os sons da lira.
Tudo com uma centelha de vida aqui repousa;
O bardo, também, lugar aqui tem.
Mostra as longínquas estrelas pelas frestas do telhado,
E de uma parede até a outra
Há uma senda cuja medida se prova
Não pelo olhar, mas pela alma.
Um sentimento de verdade basilar em toda alma se aninha –
A semente que é sagrada e eterna:
Na carne do tempo sempre ela abraça
Espaço, sem fim, e o cerne do século.
E o Deus poderoso construiu para este sentido único
O meu lar de luz e maravilhas,
E apenas aqui estou fadado ao sofrimento extenso,
E apenas aqui à serenidade.
-Mikhail Lermontov